domingo, 19 de outubro de 2014

4 - Estratégias... - 4.4 - Gerar Inflação Através do Aumento da Margem de Lucro

4 - ESTRATÉGIAS DA ELITE ECONÔMICA PARA TRANSFORMAR A
CLASSE MÉDIA EM MASSA DE MANOBRA E RETARDAR O
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
4.4 – GERAR INFLAÇÃO ATRAVÉS DO AUMENTO DA MARGEM DE LUCRO

No programa “Mais Você” de 15 de julho de 2014, a apresentadora Ana Maria Braga confirmou uma informação que todos já sabiam: a alta dos gêneros alimentícios está totalmente descolada dos índices oficiais de inflação.
Encontrando uma dona de casa que guardava todas as notas de supermercado, escolheram uma nota de quatro anos atrás e refizeram a compra dos mesmos produtos, no mesmo supermercado. O total da conta foi 80% superior à compra anterior. A inflação oficial do INPC no mesmo período foi de 26,68%. Todos os itens comuns à mesa dos brasileiros sofreram reajustes elevados: farinha de trigo (186,06%); creme de leite (134,23%); atum ralado (108,43%) molho de tomate (99,20%); arroz (85,26%), ovos, óleo, alho, cebola, etc.
Essa inflação perversa não se restringe aos gêneros alimentícios. Estende-se também aos produtos de limpeza e de higiene pessoal. São todos produtos de primeira necessidade, imprescindíveis nas casas dos brasileiros, cujos aumentos de preço circunstancialmente não se refletem adequadamente nos índices de inflação.  
Não existem justificativas válidas para embasar esses aumentos. Salários, matéria prima, energia, água, impostos, combustíveis nem nenhum outro item relevante apresentou aumentos que pudessem, ainda que remotamente, legitimar essas variações de preços. Tampouco fatores sazonais ou climáticos justificariam aumentos permanentes dessa ordem. Trata-se, pura e simplesmente, de aumento da margem de lucros das grandes empresas nacionais e multinacionais.
Sejamos pragmáticos. Vamos mais uma vez nos reportar à tabela do IBGE com os rendimentos mensais dos brasileiros, para avaliar essa situação no bolso dos integrantes de cada classe social.
Os 71,9% mais pobres do Brasil foram extremamente prejudicados, pois a alimentação é um dos itens que consome a maior parte de seus recursos. O aumento de seus rendimentos não acompanhou a alta dos alimentos, portanto os gastos com esse item passaram a comprometer uma parcela muito maior do seu dinheiro, reduzindo drasticamente sua disponibilidade para outros gastos. Possivelmente esse desequilíbrio vem contribuindo para o aumento da inadimplência nos últimos tempos.
Os 27,7% pertencentes às classes média e média baixa, se assalariados também foram prejudicados, pois apesar de não comprometerem o mesmo tanto de seus rendimentos em alimentação, a vinculação de seus salários aos índices oficiais de inflação também reduziu o seu poder de compra. Quanto aos autônomos e empresários dessas classes, seu grau de prejuízo dependeu do peso dos gastos com alimentação e produtos de limpeza e higiene no seu ramo de atividade, bem como da possibilidade de repassar esses aumentos.
Para os 0,9% pertencentes à classe rica essa inflação não representou mudanças perceptíveis, já que seus gastos com alimentação têm peso baixo em seus orçamentos.
Já os integrantes da elite econômica tiveram seus rendimentos imoralmente aumentados. Porque essa inflação fraudulenta nada mais é que o resultado do aumento da margem de lucro dessas classes, às custas das perdas sofridas pelas classes baixas e pelos demais assalariados.
Os governos, ainda que queiram, nada podem fazer. Se, para devolver às classes prejudicadas seu poder de compra, assumirem a inflação real – gerada artificialmente para aumentar a margem de lucro dos que detém o poder econômico - estarão decretando a derrocada do país, com a volta da hiperinflação. Só lhes resta ver, de braços cruzados, os árduos esforços empreendidos para reduzir a má distribuição de renda no Brasil serem neutralizados pelas artimanhas desses déspotas.

Já as grandes empresas, além dos lucros que obtém podem, dessa mesma forma, manipular os índices para, por exemplo, favorecer ou prejudicar governos e partidos políticos, criando inflação ou deflação, conforme seus interesses ocasionais.



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