3 - PAISES SUBDESENVOLVIDOS
O
PARAÍSO DOS PLUTOCRATAS
As características mais contundentes de um pais subdesenvolvido,
ou em desenvolvimento, como se fala hoje em dia, são a baixa renda de sua
população, aliada à precariedade na alimentação, moradia, saúde, educação e
oportunidades de emprego. Ou seja, justamente os pré-requisitos essenciais para que um ser humano possa viver com dignidade.
Para a maioria dos pesquisadores, o subdesenvolvimento é
resultado do domínio econômico desses países pelos países mais desenvolvidos,
ditos do primeiro mundo, os quais muitas vezes têm suas políticas econômicas reféns
dos interesses das grandes multinacionais.
O maior obstáculo à superação da condição de
subdesenvolvimento é a concentração de renda em contraponto com a miséria.
E por falar em concentração de renda, vamos mais uma vez nos
reportar à tabela do IBGE, para associar o impacto do subdesenvolvimento e da
concentração de renda em cada classe social.
Base da Pirâmide: 71,9% dos
brasileiros que ganham até 2 salários mínimos
Essa classe, onde se incluem os pobres
e os miseráveis, sofre todos os danos consequentes do subdesenvolvimento e da
concentração de renda.
1º Degrau da Pirâmide: 18,9% dos
brasileiros que recebem de 2 a 5 salários mínimos
Ainda que em menor grau em relação aos
que estão na base da pirâmide, esse povo também sofre bastante com a
desigualdade social no Brasil.
2º e 3º Degraus da Pirâmide: os 9,2%
restante dos brasileiros, que recebem a partir de 5 salários mínimos.
Dos que pertencem a esse grupo, muitos
se consideram privilegiados. Mas, ainda que seus rendimentos sejam mais
elevados e suas condições de vida razoáveis, eles não pertencem à elite
econômica. E não levam nenhuma vantagem por viver em um país subdesenvolvido.
Seus rendimentos sofrem pouco ou nenhum impacto em razão dos baixos rendimentos
recebidos pelos 90,8% da população. Em compensação, mesmo ganhando bem, por viver
em um país subdesenvolvido eles sofrem todos os transtornos típicos de países
subdesenvolvidos, tais como a violência - fruto direto da desigualdade social acentuada - e a precariedade em todos os serviços
públicos.
Já para a elite econômica, nacional e
internacional, países subdesenvolvidos só trazem vantagens. Eles estabelecem
empresas e subsidiárias nesses países justamente para potencializar seus ganhos,
às custas da exploração da mão de obra local. Seus lucros aumentam
exponencialmente em países com mão de obra barata e poucos direitos. E eles sequer
sofrem com os transtornos dos países subdesenvolvidos. Têm pouquíssimo contato
com os integrantes das classes baixas e seu poderio financeiro lhes permite,
entre outras prerrogativas, enviar seus filhos para estudar no exterior, ter
acesso aos melhores tratamentos de saúde, se cercar dos mais modernos sistemas
de segurança. E, se for de seu interesse, podem manter residências alternativas
em quaisquer outros países do mundo que desejarem.
Seria de se supor que, diante desse cenário, o grosso da
população brasileira defendesse políticas e programas que visassem combater a
miséria, melhorar a distribuição de renda, propiciar a todos os brasileiros moradia,
saúde, educação e serviços públicos de qualidade, enfim superar a fase atual e colocar
o Brasil no grupo dos países mais evoluídos. Essas transformações não
inviabilizariam a permanência de grandes empresas no Brasil, apenas fariam com
que, ao invés de lucros astronômicos, elas tivessem lucros compatíveis com os obtidos
nos países de primeiro mundo.
Entretanto a população brasileira, mantida convenientemente
desinformada, não consegue enxergar essa realidade. As classes média e rica,
formadoras de opinião das classes inferiores, são manipuladas e transformadas
em massa de manobra das elites econômicas nacionais e internacionais e, envolvidas
por estratagemas diversos, defendem, como se fossem seus, interesses que pertencem
exclusivamente àquelas elites.
E assim vai se consolidando no Brasil a Plutocracia,
fantasiada de Democracia.